domingo, 22 de junho de 2008

BATISMO NO ESPÍRITO SANTO E A
SANTIFICAÇÃO DO CRENTE EM CRISTO

O trabalho do Espírito Santo em relação à nossa salvação e à nossa santificação tem sido assunto de bastante confusão nas igrejas. Nós entendemos que o Espírito Santo foi dado ao corpo de Cristo no Dia de Pentecoste em sua função de "parácleto" (no grego), 0ou "Consolador", como prometido por Jesus (João 14:16-17, 25-26). Isto se torna óbvio, quando estudamos o relacionamento direto e estreito entre a ida de Jesus e a vinda do Espírito em João 16:5-7 e comparamos com as palavras de Jesus em Atos 1:5 que tiveram sua realização no 2:1-4 do mesmo livro. O receber da dádiva do Espírito prometido por Jesus aos discípulos, os quais nesta capacidade representaram a semente da igreja de Cristo, é o que entendemos chamar-se "derramamento do Espírito Santo". Porque o derramamento do Espírito era o assumir de um papel em relação ao corpo de Cristo como um todo, e não um acontecimento pessoal, ele ocorreu uma vez para sempre.

É por isso que o Apóstolo Paulo pode afirmar com tanta certeza em I Coríntios 12:13, "Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito."

A confusão tem ocorrido porque há três referências ao derramamento do Espírito no livro de Atos (2:1-4; 10:44-48; 19:1-6). Além disto, opiniões têm divergido sobre o significado de que em cada uma dessas ocasiões o derramar do Espírito foi acompanhado por um sinal confirmador da presença do Espírito, o falar em línguas das pessoas envolvidas. O que não tem recebido a atenção devida é a situação da igreja naquela época, o tipo de literatura onde se encontram essas referências, e o acompanhamento que essas manifestações tinham à propagação do evangelho previsto pelo próprio Jesus.

A igreja daquela época estava numa fase de mudanças sem precedente na história do povo de Deus. O esperado Messias tinha chegado, e com ele a nova aliança. A velha aliança estabelecida entre Deus e a nação de Israel tinha como expressão maior a lei do velho testamento. Assim a velha aliança estava dominada por expressões e limitações geográficas, culturais, e raciais. A enorme liberdade da nova aliança foi o remover destas limitações. No lugar da lei, a expressão maior da nova aliança foi a presença e direção do Espírito Santo. II Coríntios 3:4-18 registra em linguagem viva o contraste entre as duas alianças.

Apesar das discriminações aceitas entre os participantes da velha aliança agora serem inválidas, estas liberdades caíram sobre muitas suspeitas, justamente porque eram sem precedente. Assim, o derramamento do Espírito Santo, acompanhado do falar em línguas, tornou-se para muitos o sinal confirmador de que a extensão do evangelho, especialmente aos gentios, estava debaixo da nova aliança (veja o argumento de Pedro em Atos 11:15-18) e tinha o aval do Espírito. Baseados nisto, alguns têm construído o argumento incorreto de que o derramamento do Espírito, acompanhado pelo falar em línguas, é o sinal necessário para confirmar a presença do Espírito Santo em cada crente.


Estes têm ignorado o fato de que o livro de Atos não é didático, ou seja, não é um livro que ensine como se deve pôr em prática a nova aliança. Atos é um livro histórico, contando os passos iniciais das primeiras igrejas e como Deus dirigiu a sua igreja durante uma fase sem precedente. Os métodos usados por Deus na direção da igreja nessa fase inicial, não se tornam obrigatórios hoje. O fato de que
este derramamento múltiplo era uma exceção para delinear a igreja primitiva às liberdades que estavam sendo estendidas debaixo da nova aliança é confirmado pelo fato de que esses sinais companharam exatamente o progresso de evangelização previsto por Jesus. Em Atos 1:8, Jesus manda os apóstolos dizendo, "mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém (o fenômeno do Dia de Pentecoste em Atos 2:1- 4), como em toda Judéia e Samaria (o descer do Espírito sobre os gentios da casa de Cornélio em Atos 10:44-48), e até os confins da terra (o batismo no Espírito dos apóstolos de João - Éfeso, Atos 19:1-6)".

Assim, a propagação do evangelho foi confirmada como anteriormente prevista pela repetição do fenômeno do Dia de Pentecoste, do único batismo do Espírito Santo sobre a igreja. Vale a pena notar que, ao contrário daqueles que querem fazer do batismo no Espírito Santo uma experiência individual, cada um destes textos trata de um grupo de pessoas, o que cremos ser porque eram significativos pelo grupo que representavam e não por estarem experimentando alguma forma de "segunda bênção".

Em relação à salvação hoje, cremos que o batismo do Espírito Santo continua acontecendo como parte íntegra da conversão de cada pessoa que recebe Jesus como Senhor e Salvador. Entendemos com isso que, por meio da graça de Deus, mediante a fé que manifestamos, o Espírito Santo de Deus assume o mesmo relacionamento conosco que ele estabeleceu com os discípulos de Cristo no Dia de Pentecoste. Podemos dizer que recebemos o batismo do Espírito Santo como parte da herança deixada por Cristo a todos que fazem parte do corpo.

Ao nos convertermos, recebemos todos os direitos, responsabilidades e privilégios de ser crente, entre os quais está todo o poder e mover do Espírito Santo ao qual temos direito. A habitação do Espírito Santo em nós serve para nos unir com o resto do corpo, nos sela para o dia da salvação, e nos capacita com dons para o viver dentro do corpo de Cristo, a igreja. Assim sendo, o dom de línguas não é um sinal mais válido da presença do Espírito do que qualquer outro dom (I Coríntios 12:11). Ele foi o escolhido no livro de Atos porque em Jerusalém no Dia de Pentecoste ele se tornou o meio usado por Deus para a evangelização das massas estrangeiras (Atos 2:7-11) e o fenômeno se repetiu por duas vezes, como já explicamos, para confirmar que o evangelho e o Espírito eram os mesmos manifestados em Jerusalém.

É merecedor de reconhecimento, que em nenhum texto do Novo Testamento o dom de línguas é destacado como sendo o necessário sinal da presença do Espírito de Deus para a vida dos santos. Aliás, se é para almejar um dom em particular,


Paulo nos instrui a buscar o amor como dom maior (I Coríntios 13:13).

Em relação à santificação, o crente não irá conseguir viver uma vida vitoriosa sem a ajuda do Espírito Santo. Precisamos reconhecer que a luta que assumimos ao nos declararmos parte do reino de Deus e não mais parte do império de Satanás, é uma luta espiritual. Em nós mesmos não existem os recursos para lutarmos nesta batalha. Se vamos fazer parte das forças de Deus nesta luta, temos que utilizar a força do Espírito para vencer. Isto não é uma opção. Em Efésios 4:1 o Apóstolo Paulo nos ordena, "Andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados." Em Efésios, 5:18 ele diz como se consegue este andar digno - "enchei-vos do Espírito." Isto não acontece quando o crente é ignorante a respeito do trabalho e poder do Espírito, ou quando ele se recusa a aproveitar os recursos dados por Jesus por meio do Espírito. Para sermos cheios do Espírito, precisamos de entrega pessoal. Precisamo-nos dispor a ter Cristo como nosso Senhor, na prática.

Andar no Espírito é saber o que Deus quer de nós e escolher fazê-lo. Isto vem por meio de um conhecimento pessoal e íntimo da palavra de Deus onde Ele esclarece sua vontade para nós e meditação nesta vontade onde buscamos entender como o Espírito quer que apliquemos estas verdades em nossas vidas. Tudo isto deve ser
colocado diante de Deus em oração reconhecendo a nossa posição em Cristo, pedindo esclarecimento e expressando a submissão da nossa vontade.

O Espírito Santo é quem nos capacita a pôr em prática a verdade, através de passos de fé. Mais especificamente, iremos ver pessoas cujo viver é caracterizado, não pelo falar em línguas, mas pela vitória sobre as obras da carne e a evidência do fruto do Espírito (Gálatas 5:16-26). Outras características da vida cheia do Espírito
se encontram em Efésios 5:19-6:9, e em várias outras passagens do Novo Testamento.

O ponto mais significativo aqui, é que nós já temos todos os recursos espirituais necessários para viver uma vida cristã vitoriosa. Estes recursos não são garantidos através de experiências pessoais, nem somente por verdades espirituais e
promessas atuais. São garantidos, sim, pelos eventos históricos relacionados à vitória de Jesus e ao derramamento do Espírito Santo que tem repercussões eternas no âmbito espiritual. Para o crente consciente da sua identidade em Cristo Jesus e submisso ao dirigir do Espírito, não lhe falta nada.


Este texto foi produzido pela Igreja Batista Central de Fortaleza, em abril de 2008, e seu conteúdo reflete as doutrinas básicas de nossa congregação, aplicáveis para a vida de todos os seus membros.

Seu conteúdo pode ser reproduzido, na totalidade ou em parte, contanto que citada a fonte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário